segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

# O desespero dos inconsciêntes - 07

        Daniel estava em choque. De um certo modo conseguia entender a sua dor. Ele havia sido maltratado pela pessoa que acreditava ser seu pai e agora perdera seu pai verdadeiro.A sala cheirava a morte, mentira, dor,  perda e a frustração. A polícia já havia chegado. Os policiais ficaram paralisados por um instante com cena de vários cadáveres deitados no chão e cobertos de sangue. Um dos policiais nos tirou do pesadelo com muita delicadeza e simpatia. Nos levou para uma delegacia que ficava em Xochimilco, delegação do México que fica perto de Iztapalapa.Na viatura, nenhuma palavra. Dan estava acabado. Nunca havia visto uma pessoa chorar tanto. A dor o corruía. A dor de ser traído, abandonado, largado. A minha vontade de cuidar dele aumentava numa proporção não conhecida , nem por mim, nem por ele. Antes, tinha esperança de um futuro com Dan. Nós nos davámos tão bem e o seu passado não era conhecido. O que não nos atrapalhava. Agora, ele não tinha cabeça pra pensar em um relacionamento. Se fosse comigo, eu pensaria da mesma forma. Pensei assim quando meus pais morreram. Foi quando Dan apareceu e a esperança de ter uma vida normal reacendeu invonluntáriamente. Não sabia ao certo se Dan sentia o mesmo por mim. Preferia acreditar que sim. Depois de uma hora e meia de viagem , chegamos a delegacia.

***
                                   
           Passaram-se dois meses desde que eu havia visto Dan pela última vez.  Sua companhia, seus abraços, beijos de boa noite me faziam uma falta enorme. Lembro como se fosse hoje tudo o que passamos no México. Retornara agora a vida fútil e solítária de uma garota que perdera os pois por causa do ódio. Todos os dias ia trabalhar e quando chegava assistia filmes melodramáticos até cair no sono. Era uma rotina. Até que uma visita colocara tudo de cabeça pra baixo. 
           - Oi Sam.
           - O-o-o-oi Dan.
           - Posso entrar?
           - Aham, pode sim. Fica a vontade.
           Minhas pernas começaram a tremer. Ele estava mais bonito do que nunca. 
           - Eai, como você tá?
           - E-e-eu tô bem , e você?
           - Me recuperando - disse entre risinhos.
           Ele estava muito próximo de mim o que me deixava nervosa. 
           - E o que te traz aqui? 
           - Depois de tudo o que a gente passou, te largar assim seria burrice não acha?
           - Burrice?
           - É. Primeiramente, vim aqui pra te pedir perdão por tudo o que te fiz passar. Por mais que eu quisesse, eu não consegui te protejer como deveria. Me perdoe.
           - Sem problemas Dan, passaria por tudo denovo se estivesse com você.
           Suas bochechas rosaram-se junto com as minhas. Senti que havia falado demais. 
           - Sério?
           - Não me faça repetir bobão. - Rimos.
           - E o segundo motivo Sam, era... - deu uma pausa - eu não aguentava mais ficar longe de você -
           meu coração saiu pela boca - todo o tempo que passamos juntos foram muito significativos pra mim. Na minha vida inteira, não havia recebido tal carinho, atenção, amor que eu recebi de você. Te deixar aqui, sozinha , foi muito difícil pra mim. Mas precisava desse tempo pra mim para que , quando te encontrasse novamente, pudesse retribuir tudo aquilo que você me proporciona. Eu te amo. 
           Naquele momento, todo o tédio, futilidade, tristeza e solidão reverteram-se e alegria. Dan me amava. Me amava! Me aproximei do seu rosto colocando minhas mãos em seu rosto quente e macio e o beijei. A sensação de beijá-lo era insubstituível. Ficamos abraçados por um longo tempo aproveitando aquele momento único que nenhum psicopata poderia tirar nem sentir algum dia. 
          

                                                                                                           ~   Raíssa Moreira


          

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